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Epidemiologistas mostram preocupação em relação à flexibilização do isolamento

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Duas professoras do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) lançaram uma nota pública se manifestando sobre a flexibilização do isolamento social no Rio Grande do Sul. Marinel Mór Dall'Agnol e Rosangela da Costa Lima são médicas epidemiologistas (profissionais que trabalham com epidemias) e pesquisadoras da área. As duas integram o grupo de pesquisa que tem aplicado testes rápidos na população gaúcha.

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Os dados são informados aos governos e ajudam a embasar a tomada de decisões. O estudo teve a primeira rodada no último final de semana e continua até maio. Até agora, 4.189 entrevistados até o momento, dois tiveram exame positivo para Covid-19. Nenhum deles em Santa Maria. No município, dos 461 testes aplicados, todos deram negativo.

Segundo Marinel, o Estado ainda não atingiu o pico da doença, que deve acontecer nas próximas quatro semanas. Ela também explica que os estudos realizados em outros países demonstram que cada paciente infectado pelo novo coronavírus provavelmente irá passar a doença para outras três pessoas. Isso significa que, depois de 15 dias (tempo em que os sintomas normalmente levam para aparecer), o número de casos confirmados pode ser até três vezes maior do que o atual.

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Por isso, as pesquisadoras acreditam que o isolamento social deve ser mantido, a fim de reduzir o número de casos e de mortes causados pela Covid-19. Marinel afirma que ainda não se sabe como o vírus se comportará durante o inverno no Rio Grande do Sul, que costuma registrar temperaturas baixas. No entanto, explica que é provável que aconteça uma maior propagação, já que os ambientes costumam ficar fechados por conta do frio e, assim, menos ventilados.

Confira a nota na íntegra:

"Viemos demonstrar nossa preocupação quanto à flexibilização do isolamento social no enfrentamento da epidemia da Covid-19 no Rio Grande do Sul.

As regras para testagem de casos do Ministério da Saúde, diante da quantidade reduzida de testes disponíveis, dirigem-se aos casos mais graves e a profissionais de saúde. Assim, os casos apontados nas estatísticas oficiais referem-se a estes, na maioria, não englobando uma quantidade muito maior de casos notificados como "suspeitos", pois não são testados geralmente. Segundo boletim da Prefeitura de Santa Maria de 14 de abril, 15 casos confirmados contra 559 suspeitos (residentes em Santa Maria).

Os dados da primeira fase de coleta do inquérito da pesquisa sobre a prevalência populacional de infecção no RS demonstram o contato com o vírus há 15 dias. A situação atual de circulação do vírus só será conhecida no inquérito que será realizado daqui a 15 dias.

É preciso lembrar que estamos entrando no inverno, com redução brusca da temperatura no RS, época em que as doenças respiratórias já apresentam maior incidência. Desconhecemos qual será o comportamento do novo coronavírus neste clima, mas é muito provável que a situação agrave-se, pois o vírus encontrará um ambiente favorável à maior propagação, diante de ambientes fechados e pouco ventilados devido ao frio.

Por estes motivos, ainda recomendamos a manutenção do isolamento social como melhor estratégia para o enfrentamento da epidemia, redução do número de casos e mortes pela doença Covid-19."

Marinel Mór Dall'Agnol, Laboratório de Epidemiologia, Departamento de Saúde Coletiva, UFSM, professora, médica, epidemiologista

Rosangela da Costa Lima, Laboratório de Epidemiologia, Departamento de Saúde Coletiva, UFSM, professora, médica, epidemiologista

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